Merkel apela à diplomacia: a Alemanha deve tornar-se pacífica!
Angela Merkel fala sobre os objetivos da OTAN, a força militar e a diplomacia no conflito na Ucrânia, em 2 de julho de 2025, em Schwerin.

Merkel apela à diplomacia: a Alemanha deve tornar-se pacífica!
No pátio do Castelo de Schwerin, Angela Merkel comentou recentemente sobre importantes questões geopolíticas que afectam actualmente a Europa e o mundo. Sob o título “Tranquilidade”, participou no painel de discussão que discutiu a guerra russa contra a Ucrânia e os conflitos na Faixa de Gaza. Tornou-se claro que Merkel está claramente a distanciar-se do ministro da Defesa, Boris Pistorius, que enfatiza a necessidade de a Alemanha estar “pronta para a guerra”. NDR relata que Merkel respondeu que a Alemanha pode muito bem precisar de força militar, mas o foco deveria estar numa orientação “orientada para a paz”.
No seu discurso, ela enfatizou a importância da diplomacia para resolver conflitos e combater agressões. “As conversações com a Rússia são necessárias para acabar com a guerra”, disse o ex-chanceler. Ela destacou que a dissuasão e os contatos diplomáticos são as melhores opções para prevenir ataques. Isto surge no contexto de novas metas da NATO que apelam a um aumento das despesas com a defesa até 3,5 por cento do produto interno bruto até 2035, um plano que também conta com o apoio de países como a Polónia e a Lituânia, mas que é recebido com cepticismo por parte de outros Estados-membros, como a Bélgica e a Espanha, que consideram as despesas específicas demasiado elevadas. BR
Críticas às estratégias militares
Merkel também expressou preocupação com os conflitos no Médio Oriente. Ela descreveu as ações militares de Israel na guerra de Gaza como “duras” e “de coração duro”, em total contraste com as atrocidades já documentadas do Hamas. Merkel demonstra empatia com os protestos em Israel que pedem um cessar-fogo e questiona a eficácia da estratégia militar de Israel. Neste contexto, foi também notório que ela não se arrepende de forma alguma das decisões que tomou na política de refugiados há dez anos. Ela deixou claro que a insatisfação com esta política não deveria dar lugar à xenofobia. ZEIT
Um aspecto particularmente notável foi a análise feita por Merkel dos declínios nos gastos da Alemanha com a defesa ao longo das últimas duas décadas. Na sua opinião, este declínio foi um “dividendo de paz” que não deveria pôr em perigo o desenvolvimento dos novos estados federais. No entanto, ela reconhece a situação actual como um ponto de viragem. Ela descreve o acordo dos estados da NATO sobre gastos mais elevados como lógico e necessário devido à situação de ameaça significativa que se desenvolveu após o conflito na Ucrânia.
Merkel e o futuro da Europa
Angela Merkel, que foi a primeira mulher da Alemanha Oriental a assumir o cargo de Chanceler e é considerada uma das mulheres mais poderosas do mundo, continua a ser uma figura definidora não só no centro da política alemã, mas também nos diálogos globais. O seu posicionamento claro em termos de força militar e diplomacia poderia ajudar a moldar o curso político necessário para a Alemanha e a Europa nestes tempos incertos. Agora permanece a questão: como irá a comunidade internacional responder ao apelo de Merkel à “pacificação” e que medidas serão tomadas nos próximos meses?